Vários elementos distinguem o oratório de Dom Bosco dos oratórios tradicionais. Antes de tudo as portas estão abertas não só durante uma parte do domingo, mas durante o dia inteiro, e não só para os meninos de boas famílias e de comportamento correto, mas para toda a classe de rapazes que livremente queiram entrar, dando até particular atenção aos mais rebeldes e aos mais desenraizados da família. De todos os fatores que intervêm no funcionamento do oratório de Dom Bosco, o mais importante é a presença amável e contínua do educador, totalmente empenhado em conseguir que os educandos se sintam envolvidos numa atmosfera de família, realidade por muitos deles desconhecida.
É precisamente na criação do clima de à vontade e de família que reside o núcleo da pedagogia e metodologia educativa de Dom Bosco. As suas primeiras experiências com os rapazes, contactados nas ruas e prisões de Turim, bem depressa o levam a verificar que a triste situação em que vivem, abandonados a si mesmos e aos baldões da sorte, é devida na, maior parte dos casos à ausência da família ou de alguém que, na sua falta, deles se ocupe. Compreende pois a necessidade de lhes proporcionar um ambiente que os aproxime o mais possível do ambiente familiar.
Dada a ausência dos laços de sangue, Dom Bosco relaciona-se com os seus rapazes de modo a levá-los a descobrir na sua pessoa um pai adotivo. A nota da paternidade espiritual é por ele responsável e amorosamente assumida e insistentemente inculcada aos seus colaboradores, uma vez que deve preencher a falta ou insuficiência da família natural. Comportando-se e assumindo-se como pai dos que o não tinham ou o desconheciam, Dom Bosco procura levá-los, através de si, a fazer uma outra descoberta mais importante ainda: a descoberta de Deus Pai, revelado em Jesus Cristo. Sem esta ligação com o Transcendente (religião), sem esta nota da paternidade divina, unida à da paternidade humana, seria impossível compreender cabalmente a pedagogia de Dom Bosco.
Alternando criteriosamente momentos dedicados à formação e vivência religiosa com outros momentos mais largos, dedicados ao divertimento, ao desporto, aos encontros de grupo, a atividades culturais (como o teatro e a música), enfim às mais variadas iniciativas capazes de interessar e promover a juventude, tornam agradável o largo espaço de um dia, passado em ambiente religioso, para rapazes que na sua grande maioria viviam à margem da prática da vida cristã.
Entre estas iniciativas de formação, além do teatro e da música, importa salientar os cursos de alfabetização que o santo educador começou logo a organizar entre os frequentadores do primeiro Oratório em Turim, quase todos alheios ao ambiente escolar ou mal sabendo escrever o nome.
Ao princípio eram as aulas noturnas, no seguimento da jornada dominical. Depois, pouco a pouco, estas aulas foram-se estendendo pela semana adiante, com um aumento progressivo de alunos.